sábado, 11 de julho de 2009

Ano lectivo na Guiné-Bissau

O ano lectivo guineense foi bastante peculiar devido às constantes paragens causadas por greves e boicotes de professores pela falta de pagamento de inúmeros salários em atraso à função pública. A par disso, a instabilidade política e militar da Guiné-Bissau e os assassínios de diversas figuras políticas acabaram por contribuir fortemente para o caos em que o ano lectivo se transformou.
As aulas iniciaram só em Janeiro e houve logo diversas greves, seguidas pelas paragens do Carnaval e assassínio do Presidente da República e Chefe de Estado General das Forças Armadas no início de Março. A partir daí ainda houve algumas semanas de aulas até à interrupção da Páscoa.
Depois dessa altura, os professores do Ensino Básico receberam alguns salários e as aulas nas escolas do Ensino Básico Unificado continuaram em força e terminaram após a realização das provas no final de Junho. Em contraste, as aulas em alguns liceus de Bissau só foram retomadas há algumas semanas e, mesmo assim, sem grande adesão por parte de professores e alunos. Agora a chuva já marca a sua presença e todos se queixam da decisão de prolongar as aulas até finais de Agosto, uma vez que a água entra dentro de algumas salas e não permite aos alunos sentarem-se nas carteiras. A falta de dinheiro para pagarem transportes públicos também faz com que muitos professores e alunos não possam deslocar-se a pé quando caem as grandes tempestades. De qualquer forma, as aulas nos liceus estão a decorrer e os alunos terão de fazer provas finais para transitarem de ano. Será que há um número mínimo de dias lectivos? Quais foram as aprendizagens efectivas dos alunos guineenses? Como é que um aluno pode transitar para o ano seguinte sem os requisitos mínimos? E os alunos que estão na 11ª classe e transitarem de ano podem-se matricular no ensino superior depois deste ano tão atribulado?
Os pagamentos dos salários de 2009 aos professores guineenses está a começar a ser efectuado e há promessas de, a partir de agora, cada salário ser pago no final do mês. Será verdade? Isso ajudará em muito a melhoria do sistema educativo guineense e, consequentemente, da formação dos jovens guineenses que se mostram desmotivados para os estudos, embora tenham invariavelmente uma grande esperança no futuro do país.

Sem comentários: