"Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." (Antoine de Saint-Exupéry )
É nas palavras do autor do Principezinho que encontro o segredo da Guiné-Bissau e da África que conheci até agora. Os meus olhos e os da minha máquina fotográfica serão sempre os olhos de alguém de fora que olha estas gentes e estas terras sob uma perspectiva influenciada por todas as vivências que fazem de mim o eu que eu sou.
A realidade africana fez-me mudar a minha visão do mundo e fez-me centrar a minha atenção e algumas das minhas acções naquilo que os olhos não vêem. A beleza, essa, eu vejo-a em toda a parte e tento retratá-la o melhor que consigo, embora por vezes me fujam as palavras para descrever as minhas aventuras e o meu quotidiano aqui. Mas a beleza que eu vejo está muito mais nas pessoas, na sua perseverança e garra mesmo quando as condições são inimaginavelmente precárias. Na Guiné o essencial é quase tudo, mas não há nada que realmente falte quando uma criança sorri. O sorriso de uma criança guineense tem um brilho especial e tem o poder de parar o mundo, pelo menos o meu mundo. Adoro ver as escolas cheias e as crianças dentro das salas de aula a aprender. Desde que cá cheguei, tornei-me eternamente responsável por aqueles com quem me cruzo e espero conseguir contribuir positivamente durante esta minha aventura em que, por vezes, me parece que recebo mais que aquilo que dou.
Adoro sentir o pulsar da agitação cosmopolita de Bissau que contrasta com o silêncio apaziguador das ilhas. A vida aqui tem um ritmo diferente, as pessoas têm tempo para conversar umas com as outras e para conviver em família. Pelas ruas encontram-se amigos, conhecidos e desconhecidos e todos param para conversar um pouco. Os alimentos são sempre fresquíssimos e deliciosos, principalmente a fruta e peixe. A "mindjer garandi" e o "omi garandi", ou seja, os sábios idosos são muito respeitados e grandes marcos da cultura africana. Os produtos típicos daqui são igualmente fascinantes, quer pelas cores, quer pelas diferentes utilizações e reutilizações que lhes são atribuidas. Cestos, cabaças, panos, trajes tradicionais, instrumentos musicais, ritmos, música, artesanato, tachos, entre muitos outros ícones desta cultura, preservam a magia desta terra que, depois de se estranhar, se entranha em quem por aqui passa.
E mais uma vez a história do Principezinho me acompanha, não só no discernimento de tentar perceber o que é realmente importante, mas também nos embondeiros que tanto admiro e que me fazem manter os pés no chão e a cabeça nas núvens. Estou irremediavelmente apaixonada por este pedaço de mundo!
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