quarta-feira, 8 de abril de 2009

Cabaças na Oficina artística

Esta árvore, um "pé-di-kabás" (árvore das cabaças, Lagenaria siceraria) dá as cabaças, Kabás. As cabaças, ainda na árvore, parecem melancias penduradas. Depois de apanhadas e secas, são cortadas ao meio e utilizadas para imensos fins. Eu tenho uma a fazer de fruteira, mas há quem utilize como alguidar, vasilhame, entre muitas outras utilizações que eu nem faço ideia. Os tamanhos variam muito e quando estão à venda, costumam estar umas dentro das outras, em montes bem altos.
Numa utilização mais artística, a cabaça pode ser um instrumento musical de percussão (a seco ou com água à volta). Pode ser utilizada para fazer fantoches, bonecos, esculturas ou como diversos objectos decorativos. Pode também ser trabalhada e os resultados são fascinantes. É das poucas peças de artesanato tipicamente guineense e há diversas técnicas para as trabalhar. Pode-se queimar num processo semelhante a pirogravura, pode-se pintar ou então escavar e fazer gravura.
A minha curiosidade levou-me a pedir ao Roger, um aluno que frequenta a Oficina Artística, que me ensinasse as técnicas para trabalhar as cabaças. Percebi pouco depois que ele trabalha muitas cabaças e costuma vendê-las pelas ruas. Com o dinheiro, segundo ele, compra comida, roupa e paga as propinas da 9ª classe.
No meu 1º dia como aprendiz da arte das cabaças vi o início do processo:
1. Fazer o desenho na cabaça. (Na foto, o desenho do Amílcar Cabral com o seu famoso gorro)
2. Cravar a espátula para marcar todas as linhas do desenho.
3. Depois de os contornos estarem todos feitos, vai-se escavando a cabaça. Crava-se a espátula 2 ou 3 milímetros e fazer de alavanca baixando a mão para o lado direito, de forma a fazer levantar a ponta da espátula para o lado esquerdo e, assim, ir escavando a cabaça. Vai-se seguindo sempre paralelamente ao contorno feito.
4. Com a ajuda da espátula, vão-se tirando os pedaços da camada exterior da cabaça que se escavaram.
5. Enquanto se vai escavando, vão-se fazendo "fronteiras" com a espátula para ser mais simples a remoção da camada exterior.
Na próxima oficina continuaremos.... acho que no final se vai pintar, mas não tenho bem a certeza. A comunicação em língua portuguesa com o Roger deixa-me sempre com dúvidas...

Recursos:
- Cabaça
- Espátula (quem quiser ser mais sofistificado pode utilizar goivas)
- Luvas (opcional)
- Tintas

Recomendações:
- Atenção para não furar a cabaça de um lado ao outro.
- As luvas diminuem as bolhas e cortes nos dedos.

1 comentário:

Anónimo disse...

PRESADO ARTESÃO

ACHEI MUITO INTERESSANTE O SEU TRABALHO NA CABAÇA .GOSTEI DESTA TÉCNICA DE ENTALHE; FAÇO DECORACÃO EM CABAÇAS,MAS AS CABAÇAS QUE EU TENHO SÃO DIFERENTES,AQUÍ NO BRASIL OS PÉS SÃO RASTEIROS COMO PÉ DE ABÓBORA E ELAS TEM VÁRIOR FORMATOS. MEUS PARABENS