Ami na bai para Portugal passar uns dias de frio, aconchegados pela lareira e pelos abraços dos amigos de lá e pela família. Por aqui sente-se o calor imenso, embora a temperatura tenha baixado e exija um casaquinho pela manhã. Desde que regressei no final de Setembro, o trabalho tem sido muito e o tempo para o blog Espalharte diminui. Até parece que tenho diminuido o nº de fotografias, mas não é verdade. Simplesmente não tem havido tempo para sistematizar e partilhar aqui.
O blog do Projecto Nós com África é onde tenho investido mais tempo e os resultados da campanha de angariação de materiais já se fizeram sentir. Distribuimos presentes a cerca de 300 crianças de duas escolas num só dia, que me fez começar a sentir o espírito do Natal. É claro que os Pais Natal guineenses ajudam a aumentar as saudades da iluminação das cidades, do bolo-rei sem frutas, das castanhas e dos jingles das ruas da baixa.
Aqui em Bissau deixo os amigos de cá, que se despedem sempre de forma tão calorosa que parece que vamos estar fora durante um ano. A ideia de uma viagem até Portugal é algo de fascinante na mente dos guineenses que nos pedem para trazermos as mais diversas coisas que na Guiné são mais caras ou de pior qualidade. Fica a promessa de trazer presentes ou simplesmente voltar e continuar o trabalho aqui.
O nosso voo está atrasado pelo menos duas horas e meia, por isso vou aproveitar para tentar dormir um pouco antes de sairmos de casa para o embarque. A consulta do dentista de amanhã em Tomar será possivelmente adiada, o que significa um atraso para arrancar os dois dentes do siso que me andam a chatear monstruosamente há uma semana.
Fica prometido para o novo ano, 2010, que colocarei aqui mais fotos e descrições das aventuras da Guiné-Bissau e da cultura das diferentes etnias com a qual me estou a fascinar cada vez mais.
Desejo um Feliz Natal a todos os que o celebram!














Em contraste, as aulas em alguns liceus de Bissau só foram retomadas há algumas semanas e, mesmo assim, sem grande adesão por parte de professores e alunos. Agora a chuva já marca a sua presença e todos se queixam da decisão de prolongar as aulas até finais de Agosto, uma vez que a água entra dentro de algumas salas e não permite aos alunos sentarem-se nas carteiras. A falta de dinheiro para pagarem transportes públicos também faz com que muitos professores e alunos não possam deslocar-se a pé quando caem as grandes tempestades.
De qualquer forma, as aulas nos liceus estão a decorrer e os alunos terão de fazer provas finais para transitarem de ano. Será que há um número mínimo de dias lectivos? Quais foram as aprendizagens efectivas dos alunos guineenses? Como é que um aluno pode transitar para o ano seguinte sem os requisitos mínimos? E os alunos que estão na 11ª classe e transitarem de ano podem-se matricular no ensino superior depois deste ano tão atribulado?
Os pagamentos dos salários de 2009 aos professores guineenses está a começar a ser efectuado e há promessas de, a partir de agora, cada salário ser pago no final do mês. Será verdade? Isso ajudará em muito a melhoria do sistema educativo guineense e, consequentemente, da formação dos jovens guineenses que se mostram desmotivados para os estudos, embora tenham invariavelmente uma grande esperança no futuro do país. 


A Oficina em Língua Portuguesa destaca-se pelos desenhos coloridos que, juntamente com os livos e jornais no interior, atraem os jovens em tempo de aulas e também durante as greves e paragens. As Oficinas do PASEG têm a vantagem de estar sempre abertas para receber os alunos, principalmente quando as paragens se prolongam e se dinamizam actividades e cursos diferentes que podem ter a ver com as áreas curriculares como o Português e Matemática, ou cursos virados para a componente artística, musical, experimental, etc. O acesso à internet é outro dos aspectos que chama muitos professores e alunos às oficinas durante todo o ano.


Este liceu não escapa à peculiaridade deste ano lectivo e o retomar das aulas deixou ainda muitas das salas vazias ou, por vezes, com os alunos lá dentro mas sem o professor.
Há alguns meses atrás, quando as aulas decorriam com normalidade, fui lá assistir a uma parte da festa da escola, com muita animação e ritmo.















