Ontem fiz o kaminhu di riba, ou seja, o caminho de volta, a viagem de regresso a África. Ao sair no Aeroporto Osvaldo Vieira do katchu di feru, que traduzido à letra é um pássaro de ferro, a humidade estava quase nos 100% e os 27º fizeram-se sentir pela madrugada enquanto esperávamos as malas e também na viagem pela Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria. Essa viagem na carrinha do Zeca, o motorista do projecto, foi bastante diferente da mesma viagem realizada há um ano atrás nos meus primeiros momentos em África. Já não me espantei com a falta de iluminação pública que é colmatada através de velas que se vêem em maior quantidade com o aproximar do centro de Bissau e que me encantam pelas sombras que formam ao seu redor.
Hoje, ao abrir a porta de casa, senti o mesmo bafo quente mas menos húmido que no ano passado. A época da chuva acaba a meados de Novembro e até lá a tchuba vai sendo menos frequente e a humidade também vai descendo.
Estou aos poucos a relembrar pormenores esquecidos durante as férias em Portugal, como as cores de África, o som do gerador, a baixa pressão do chuveiro, os mosquitos, os carreirinhos de formigas, o cheiro da terra, os panos africanos, os abutres a pairar sobre a cidade, ferver a água, tomar banho de boca fechada, o caju, as bananas e muitos outros pormenores que vou redescobrir neste novo ano como agente de cooperação na Guiné-Bissau.